Papa propõe Quaresma de Conversão

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009 - Ao presidir nesta quarta-feira o rito das cinzas, Bento XVI iniciou a Quaresma fazendo um convite à conversão.

E para isso propôs viver estes quarenta dias que preparam para a paixão, morte e ressurreição de Jesus em permanente escuta da Palavra de Deus.

O rito começou às 16h30, na igreja de Santo Anselmo, no Monte Aventino de Roma, com um momento de oração, seguido pela procissão penitencial à basílica de Santa Sabina.

Na procissão, participaram cardeais, bispos, monges beneditinos de Santo Anselmo, padres dominicanos de Santa Sabina e fiéis.

Ao final da procissão, na basílica de Santa Sabina, o Santo Padre presidiu a celebração eucarística na qual, como um fiel, recebeu a imposição das cinzas.

Na homilia, animou os presentes a receberem «as cinzas sobre a cabeça como sinal de conversão e de penitência», abrindo «o coração à ação vivificante da Palavra de Deus».

«Que a Quaresma, caracterizada por uma escuta cada vez mais frequente da Palavra, por uma oração mais intensa e por um estilo de vida austero e penitencial, seja estímulo para a conversão e para o amor sincero aos irmãos, especialmente os mais pobres e necessitados», exortou.

Mas, «como é possível vencer na luta entre a carne e o espírito, entre o bem e o mal, luta que marca a nossa existência?», perguntou-se o Santo Padre.

Ele respondeu sugerindo o exercício de escuta da Palavra de Deus e citando precisamente a passagem evangélica da liturgia da Quarta-Feira de Cinzas, que indicava três meios fundamentais: «a oração, a esmola e o jejum».

Fonte: ZENIT.org

Sobre o inferno e a eternidade das Penas

Sobre o inferno

O inferno é um local destinado pela Justiça divina para castigar com suplícios eternos os que morrem em pecado mortal. A primeira pena que os condenados padecem no Inferno é a dos sentidos, por ser todo o seu corpo atormentado por um fogo que arde horrivelmente sem jamais diminuir. Esse fogo penetrará pelos olhos, pela boca e por todo o corpo, e cada um dos sentidos padecerá uma pena especial.
Os olhos ficarão obscurecidos pelo fumo e pelas trevas, e aterrorizados ao ver os demônios e os demais condenados. Os ouvidos não ouvirão incessantemente senão gritos, uivos, prantos e blasfêmias. O olfato será atormentado com o mau cheiro do enxofre e betume ardentes, que o sufocará. A boca sofrerá sede ardentíssima e padecerá uma fome canina: "Sofrerão fome como cães" (Sl 58,7; 15).
Deus permitiu que o rico Epulão, em meio aqueles tormentos, dirigisse um olhar a Lázaro, pedindo por misericórdia uma gota de água para aliviar o ardor que o consumia; mas até esta lhe foi negada.
Aqueles infelizes, em meio às chamas, devorados pela fome e sede, atormentados por um fogo que não cessa, bradam, uivam e se desesperam. Ah! inferno, inferno, como são desgraçados os que caem nos teus abismos!
E tu, meu filho, que dizes?
Se tivesses que morrer neste momento, para onde irias?
Se não podes suportar agora, sem gritar de dor, a ligeira chama de uma vela na mão, como poderás sofrer aquelas chamas por toda a eternidade?
Considera por outro lado, meu filho, o remorso que sentirá a consciência dos condenados. Sua memória, entendimento e vontade padecerão terrivelmente tormentos. Recordarão continuamente o motivo porque se perderam, isto é, por terem querido satisfazer uma paixão qualquer, e esse pensamento será para eles um verme roedor que jamais morrerá.
Pensarão no tempo que Deus lhe tinha concedido para salvar‑se da perdição; nos bons exemplos de seus companheiros; nos propósitos formados e não postos em prática. Pensarão nas pregações ouvidas, nos conselhos de seus confessores, nas boas inspirações para deixar o pecado... E, vendo que já não há remédio, lançarão uivos desesperados.
A vontade jamais terá nada do que deseja, sofrendo pelo contrário todos os males. O entendimento conhecerá o bem imenso que perdeu. A alma, separada do corpo e apresentada diante do divino tribunal, entreviu a beleza de Deus, conheceu sua bondade, contemplou por um instante o esplendor do Paraíso, terá ouvido talvez os dulcíssimos e harmoniosos cantos dos Anjos e Bem‑aventurados.
Que dor, vendo que tudo isso lhe é arrebatado para sempre!
Que horrorosos tormentos! Quem poderá suportá‑los?
Meu filho que agora não te preocupas em perder a Deus e o Paraíso!
Esperas por acaso conhecer tua cegueira, quando tantos companheiros teus, mais ignorantes e mais pobres do que tu, estiverem gloriosos e triunfantes no Reino dos Céus, e tu estiveres maldito por Deus e arrojado fora daquela pátria bem‑aventurada, do gozo de Deus, da companhia da Virgem Santíssima e dos Santos?
Decide‑te, pois, a servir ao Senhor, e faz penitência. Não aguardes para quando não haja mais tempo. Entrega‑te a Deus. Quem sabe se esta meditação não será o teu último chamado da graça!
Se não correspondes a Ele, tu te expõe a que Deus te abandone e te deixe cair nos eternos suplícios. Ah! Senhor, livrai‑me das penas do inferno!

A eternidade das penas

Considera, meu filho, que se caíres no inferno, dele jamais saíras. Nele se padecem todas as penas, e todas elas para sempre.
Passarão cem anos, mil anos, e o inferno estará apenas começando; passarão cem mil anos, cem milhões de anos, milhões de milhões de anos e de séculos... e o inferno estará ainda apenas começando.
Se um Anjo anunciasse a um condenado que Deus haveria de livrá‑lo do inferno depois de passar tantos milhões de séculos como gotas de água que há no mar, ou folhas de árvores e grãos de areia no mundo, essa notícia lhe causaria logo um consolo indizível. "É certo, exclamaria, que é imenso o número de séculos que sofrerei, afinal, haverá um dia em que eles acabarão". Mas, aí passarão esses milhões de séculos e uma infinidade de outros, e o inferno estará sempre apenas começando.
Cada condenado quereria poder dizer a Deus: "Senhor, aumentai quanto quiserdes minhas penas, e fazei‑me permanecer aqui o tempo que quiserdes, contanto que me deis a esperança de ver este suplício acabar um dia!" Mas não! Esse término e essa esperança jamais chegarão.
Se ao menos o condenado pudesse iludir‑se a si mesmo, pensando consigo: "Quem sabe se Deus algum dia terá piedade de mim e me tirará deste abismo!" Mas, não! Jamais abrigará esta esperança!
O condenado terá sempre presente a sentença de sua condenação eterna: "Estes tormentos, este fogo, estes horríveis gritos, eu os terei para sempre". Sempre! verá escrito nas chamas que o devoram.
Sempre! Na ponta das espadas que o transpassam;
Sempre! Nas horríveis fisionomias dos demônios que o atormentam;
Sempre! Naquelas portas fechadas que jamais se abrirão para ele!
Ó eternidade, ó abismo sem fundo! Ó mar sem limites! Ó caverna sem saída!
Quem não tremerá pensando em ti? Ó maldito pecado, que tremendos suplícios preparas para quem te comete! Ah! Basta de pecados, basta de pecados em toda a minha vida!
O que deve encher‑te de espanto é pensar que essa horrível fornalha está sempre aberta debaixo de teus pés e que basta um único pecado mortal para cair nela.
Compreendes, meu filho, isto que lês?
Um pecado que cometes com tanta facilidade merece uma pena eterna. Uma blasfêmia, uma profanação dos dias festivos, um furto, um ódio, uma palavra, um ato, um pensamento obsceno, bastam para condenar‑te às penas do Inferno.
Ah! meu filho, ouve atentamente o meu conselho: se a consciência te censura de algum pecado, vai imediatamente confessar‑te para principiar logo uma boa vida; põe em prática todos os conselhos do teu confessor e se for necessário faz uma confissão geral; promete fugir das ocasiões perigosas, das más companhias, e se Deus te chamar a deixar o mundo, obedece‑Lhe com prontidão.
Tudo o que se faz para evitar uma eternidade de tormentos é pouco, é nada: "nenhuma segurança é excessiva quando está em jogo a eternidade", escreveu São Bernardo.
Oh! quantos jovens na flor da idade abandonaram o mundo, a pátria, a família e foram sepultar‑se nas grutas e desertos, não vivendo senão de pão e água, às vezes só de algumas raízes!... E tudo isso para evitarem o inferno!
E tu, o que fazes, depois de merecer tantas vezes o inferno pelo pecado?
Lança‑te aos pés de teu Deus e diz a Ele: "Senhor, vede‑me pronto a fazer tudo o que quiserdes. Já Vos ofendi demais até agora; de hoje em diante não Vos quero mais ofender; enviai‑me, se preciso, todos os males nesta vida, desde que possa salvar minha alma".

Fonte: São João Bosco. O jovem instruído na prática de seus deveres.
Lisboa: Escola Typographica das Officinas de São José, 1901.

Os Falsos Devotos e as Falsas Devoções à Santíssima Virgem

Segundo São Luís Maria Grignion de Monfort, são sete os falsos devotos de Maria:


1. OS DEVOTOS CRÍTICOS

Os devotos críticos são, em geral, sábios orgulhosos, espíritos fortes e presumidos, que têm no fundo uma certa devoção à Santíssima Virgem, mas que vivem criticando as práticas de devoção que a gente simples de boa - fé e santamente a esta boa Mãe, pelo fato de estas devoções não agradarem à sua culta fantasia.

Põem em dúvida todos milagres e histórias narrados por autores dignos de fé, ou inseridos em crônicas de ordem religiosas, atestando as misericórdias e o poder da Santíssima Virgem. Repugna-lhes ver pessoas simples e humildes ajoelhadas diante de um altar ou de uma imagem da Virgem, às vezes no recanto de uma rua, rezando a Deus; chegam a acusá-las de idolatria, como se estivessem adorando a pedra ou a madeira. Dizem que, de sua parte, não apreciam essas devoções exteriores e que seu espírito não é tão fraco que vá dar fé a tantos contos e historietas que se atribuem à Santíssima Virgem. Quando alguém lhes repete os louvores admiráveis que os Santos Padres dão à Santíssima Virgem, respondem que são flores de retórica, ou exagero, que aqueles escritores eram oradores; ou dão, então, uma explicação má daquelas palavras.

Esta espécie de falsos devotos e orgulhosos e mundanos é muito para temer, e eles causam um mal infinito à devoção à Santíssima Virgem, dela afastando eficazmente o povo, sob pretexto de destruir-lhe os abusos.

2. OS DEVOTOS ESCRUPULOSOS

Os Devotos escrupulosos são aqueles que receiam desonrar o Filho, honrando a Mãe, e rebaixá-lo se a exaltarem demais. Não podem suportar que se repitam à Santíssima Virgem aqueles louvores justíssimos que lhe teceram os Santos Padres; não suportam sem desgosto que a multidão ajoelhada aos pés de Maria seja maior que ante o altar do Santíssimo Sacramento, como se fossem antagônicos, e como se os que rezam à Santíssima Virgem não rezassem a Jesus por meio dela. Não querem que se fale tão freqüentemente da Santíssima Virgem, nem que se recorra tantas vezes a ela.

Algumas frases eles as repetem a cada momento: Para que tantos terços, tantas confrarias e devoções exteriores à Santíssima Virgem? Vai nisso muito de ignorância! É fazer da religião uma palhaçada. Falai-me, sim, dos que são devotos de Jesus Cristo (e eles o nomeiam, muitas vezes sem se descobrir, digo-o entre parêntesis): cumpre recorrer a Jesus Cristo, pois é ele o nosso único medianeiro; é preciso pregar Jesus Cristo, isto sim que é sólido!

Em certo sentido é verdade o que eles dizem. Mas, pela aplicação que lhe dão, é bem perigoso e constitui uma cilada sutil do maligno, sob o pretexto de um bem muito maior, pois nunca se há de honrar mais a Jesus Cristo, do que honrando a Santíssima Virgem, desde que a honra que se presta a Maria não tem outro fim que honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, e que só se vai a ela como ao caminho para atingir o termo que Jesus Cristo.

A Santa Igreja, como o Espírito Santo, bendiz primeiro a Santíssima Virgem e depois Jesus Cristo: “benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Iesus”. Não porque a Santíssima Virgem seja mais ou igual a Jesus Cristo: seria uma heresia intolerável, mas porque, para mais perfeitamente bendizer Jesus Cristo, cumpre bendizer antes a Maria. Digamos, portanto, com todos os verdadeiros devotos de Maria, contra seus falsos e escrupulosos devotos: Ó Maria, bendita sois vós entre todas as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!

3. OS DEVOTOS EXTERIORES

Devotos exteriores são as pessoas que fazem consistir toda a devoção à Santíssima Virgem em práticas exteriores; que só tomam interesse pela exterioridade da devoção à Santíssima Virgem, por não terem espírito interior; recitarão às pressas uma enfiada de terços, ouvirão, sem atenção, uma infinidade de missas, acompanharão as procissões sem devoção, farão parte de todas as confrarias sem emendar de vida, sem violentar suas paixões, sem imitar as virtudes desta Virgem Santíssima. Amam apenas o que há de sensível na devoção, sem interesse pela parte sólida. Se suas práticas não lhes afetam a sensibilidade, acham que não há nada mais a fazer, ficam desorientados, ou fazem tudo desordenadamente. O mundo está cheio dessa espécie de devotos exteriores e não há gente que mais critique as pessoas de oração que se dedicam à devoção interior sem desprezar o exterior de modéstia, que acompanha sempre a verdadeira devoção.

4. OS DEVOTOS PRESUNÇOSOS

Os devotos presunçosos são pecadores abandonados a suas paixões, ou amantes do mundo, que sob, o belo nome de cristãos e devotos da Santíssima Virgem, escondem ou o orgulho, ou a avareza, ou a impureza, ou a blasfêmia, ou a maledicência, ou a injustiça, etc.; que dormem placidamente em seus maus hábitos, sem violentar-se muito para se corrigir, alegando que são devotos da Virgem; que prometem a si mesmos que Deus lhes perdoará, que não serão condenados porque recitam seu terço, jejuam aos sábados, pertencem à confraria do santo Rosário ou do Escapulário, ou a alguma congregação; porque trazem consigo o pequeno hábito ou a cadeiazinha da Santíssima Virgem, etc.

Quando alguém lhes diz que sua devoção não é mais que ilusão e uma presunção perniciosa capaz de perdê-los, recusam-se a crer; dizem que Deus é bom e misericordioso e que não nos criou para nos condenar; que não há homem que não peque; que eles não hão de morrer sem confissão; que um bom peccavi à hora da morte basta; de mais a mais que eles são devotos da santíssima Virgem, cujo escapulário usam; e em cuja honra dizem, todos os dias, irrepreensivelmente e sem vaidade (isto é, com fidelidade e humildade) sete Pai-Nosso e sete Ave-Maria; que recitam mesmo, uma vez ou outra, o terço e o ofício da santíssima Virgem; que jejuam, etc. Para confirmar o que dizem e mais aumentar a própria cegueira, relembram umas histórias que leram ou ouviram, verdadeiras ou falsas não importa, em que se afirma que pessoas mortas em pecado mortal, sem confissão, só pelo fato de que em vida tinham feito algumas orações ou práticas de devoção à Santíssima Virgem, ressuscitaram para se confessar, ou sua alma permaneceu milagrosamente no corpo até se confessarem, ou ainda, que pela misericórdia da Santíssima Virgem, obtiveram de Deus, na hora da morte, a contrição e perdão de seus pecados, e se salvaram. Eles esperam, portanto, a mesma coisa.

Não há, no cristianismo, coisa tão condenável como essa presunção diabólica; pois será possível dizer de verdade que se ama e honra a Santíssima Virgem, quando, pelos pecados, se fere, se traspassa, se crucifica e ultraja impiedosamente a Jesus Cristo, seu Filho? Se Maria considerasse uma lei salvar essa espécie de gente, ela autorizaria um crime, ajudaria a crucificar e injuriar seu próprio Filho. Quem o ousaria pensar?

Digo que abusar assim da devoção a Santíssima Virgem, a mais santa e a mais sólida depois da devoção a Nosso Senhor e ao Santíssimo Sacramento, é cometer um horrível sacrilégio, o maior e o menos perdoável, depois do sacrilégio duma comunhão indigna.

Confesso que, para ser alguém verdadeiramente devoto da Santíssima Virgem, não é absolutamente necessário ser santo ao ponto de evitar todo pecado, conquanto seja este o ideal; mas é preciso ao menos ( note-se bem o que vou dizer):

  • Em primeiro lugar, estar com a resolução sincera de evitar ao menos todo pecado mortal, que ofende tanto a Mãe como o Filho.
  • Segundo, fazer violência a si mesmo para evitar o pecado.
  • Terceiro, filiar-se a confrarias, rezar o terço, o santo rosário ou outras orações, jejuar, etc.

Isto é maravilhosamente útil à conversão de um pecador, mesmo empedernido; e se meu leitor estiver nestas condições, como que tenha já um pé no abismo, eu lho aconselho, contanto, porém, que só pratique estas boas obras na intenção de, pela intercessão da Santíssima Virgem, obter de Deus a graça da contrição e do perdão dos pecados, e de vencer seus maus hábitos, e não para continuar calmamente no estado de pecado, a despeito dos remorsos de consciência, do exemplo de Jesus Cristo e dos santos, e das máximas do Santo Evangelho.

5. OS DEVOTOS INCONSTANTES

Devotos inconstantes são aqueles que são devotos da Santíssima Virgem periodicamente, por intervalos e por capricho: hoje são fervorosos, amanhã, tíbios; agora mostram-se prontos a tudo empreender em serviço de Maria e logo após já não parecem os mesmos. Abraçam logo todas as devoções à Santíssima Virgem, ingressam em todas as suas confrarias, e em pouco tempo já nem observam as regras com fidelidade; mudam como a lua, e Maria os esmaga sob seus pés como faz ao crescente, pois eles são volúveis e indignos de ser contados entre os servidores desta Virgem fiel, que têm a fidelidade e a constância por herança. Vale mais não sobrecarregar de tantas orações e práticas de devoção, e fazer poucas com amor e fidelidade, a despeito do mundo, do demônio e da carne.

6. OS DEVOTOS HIPÓCRITAS

Há também falsos devotos da Santíssima Virgem, os devotos hipócritas, que cobrem seus pecados e maus hábitos com o manto desta Virgem fiel, a fim de passarem aos olhos do mundo por aquilo que não são.

7. OS DEVOTOS INTERESSEIROS

Há ainda os devotos interesseiros, que só recorrem à Santíssima Virgem para ganhar algum processo, para evitar algum perigo, para se curar de alguma doença, ou em qualquer necessidade desse gênero, sem o que a esqueceriam; uns e outros são falsos devotos que não têm aceitação diante de Deus e de sua Mãe Santíssima.

Cuidemos, portanto, de não pertencer ao número dos devotos críticos que em coisa alguma crêem e de tudo criticam; dos devotos escrupulosos que receiam ser demasiadamente devotos a Jesus Cristo; dos devotos exteriores que fazem consistir toda a sua devoção em práticas exteriores; dos devotos presunçosos, que, sob o pretexto de sua falsa devoção continuam marasmados em seus pecados; dos devotos inconstantes que, por leviandade, variam suas práticas de devoção, ou as abandonam completamente à menor tentação; dos devotos hipócritas que se metem em confrarias e ostentam as insígnias da Santíssima Virgem a fim de passar por bons; e enfim, dos devotos interesseiros, que só recorrem à Santíssima Virgem para se livrarem dos males do corpo ou obter bens temporais.
São Luís Maria Grignion de Monfort
“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”