Projeto de lei foi rejeitado


Parecer do Deputado Álvaro Lira, relator do projeto de lei nº 2623 de 2007, apresenta uma nova redação ao art. 1º, declarando feriado nacional o dia 12 de outubro, para homenagem a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira dos Brasileiros católicos apostólicos romanos, discriminando as religiões:

"Contudo, na proposição em epígrafe, em que pese o meu respeito às nobres intenções do meu eminente colega, Deputado Professor VICTORIO GALLI, o Princípio da Laicidade do Estado permanece igualmente ferido, apesar da alteração de redação proposta em favor dos cristãos não-católicos.

Além disso, a proposição objeto deste Parecer pode ensejar ou acirrar divisões entre cristãos católicos e não-católicos, o que seria lamentável, para não mencionar a total falta de amparo constitucional para situações dessa ordem.

Assim sendo, não posso reconhecer mérito educacional e cultural na proposição em exame.

Posto isso, voto pela rejeição, - no julgamento de mérito educacional e cultural que compete exclusivamente à CEC -, do Projeto de Lei nº 2623, de 2007, do ilustre Deputado Professor VICTORIO GALLI."


O projeto foi arquivado nos termos do artigo 133 do RICD, pela Mesa Diretora da Câmara, no dia 22/08/2008.

Álgebra e Deus

Uma história, envolvendo o grande matemático suíço Leonhar Euler e o iluminista francês Denis Diderot, tirada do livro O Último Teorema de Fermat, de Simon Singh, editora Record, páginas 94-95:


Euler adquiriu a reputação de ser capaz de resolver qualquer problema que lhe fosse apresentado, um talento que parecia se estender além dos campos da ciência. Durante uma temporada na corte de Catarina a Grande, ele encontrou o grande filósofo francês Denis Diderot. Diderot era um ateu convicto e passava seus dias convertendo os russos ao atéismo. Isso deixava Catarina furiosa, e ela pediu a Euler que fizesse alguma coisa para deter os esforços do agnóstico francês.

Euler pensou um pouco no assunto e depois afirmou ter obtido uma prova algébrica para a existência de Deus. Catarina convidou Euler e Diderot ao seu palácio e reuniu os cortesãos para assistir ao debate teológico. Euler apresentou-se diante da audiência e anunciou: "( a + bn ) / n = x, portanto, Deus existe, refute!".

Sem entender nada de álgebra, Diderto foi incapaz de argumentar contra o maior matemático da Europa e ficou sem palavras. Humilhado, ele deixou São Petersburgo e voltou para Paris.

Esta equação, que Euler deve ter escolhido ao acaso, não prova absolutamente coisa nenhuma. Mas porque Diderot não o rebateu? Talvez, mais do que sua ignorância em álgebra, a verdadeira razão é que para rebatê-lo teria que admitir que muitos dos argumentos que utilizava para pregar o ateísmo na corte eram tão frajutos quanto este de Euler.

Rio de Janeiro: Congresso Internacional de Direito Canônico

O Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico realizará, entre os dias 2 e 5 de setembro, o Congresso Internacional Comemorativo do vigêsimo quinto aniversário dessa Instituição e do Jubileu da promulgação do Código de Direito Canônico.


O evento se iniciará com uma Celebração Eucarística presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro e Grão Chanceler Delegado, cardeal Eusébio Oscar Scheid, que fará também a saudação inaugural.


A primeira conferência será pronunciada pelo nuncio apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri. Seguir-se-ão, ao longo dos quatro dias, exposições de Mons. Dr. Giuseppe Sciacca e Mons. Dr. Jair Ferreira Pena, prelados auditores do tribunal apostólico da Rota Romana; Prof. Dr. Luis Navarro, Decano da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Santa Cruz; Prof. Dr. Jesus Hortal, reitor da Pontifícia Universidad Católica de Rio de Janeiro; Dom Rafael Llano Cifuentes, bispo de Nova Friburgo; Mons. Dr. Victor Pinto, decano da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade de Buenos Aires; Dr. Andrés Gutiérrez Domingo, da Universidade Lateranense; e Prof. Dr. Michael Hilbert, Decano da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Gregoriana, quem pronunciará a conferência conclusiva.


O Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico, erigido em 1984, é confiado permanentemente ao ordinário diocesano do Rio de Janeiro e agregado à Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma.


Mais informações podem ser obtidas no site http://www.pisdc.org.br/ ou nos telefones (21) 2516-5920 e (21) 2516-5786.


Fonte: Redação Arautos do Evangelho

A Assunção Gloriosa de Nossa Senhora

A Assunção de Nossa Senhora foi transmitida pela tradição escrita e oral da Igreja. Ela não se encontra explicitamente na Sagrada Escritura, mas está implícita.

Vamos analisar o fato histórico, segundo é contato pelos primeiros cristãos e transmitido pelos séculos de forma inconteste.

Na ocasião de Pentecostes, Maria Santíssima tinha mais ou menos 47 anos de idade. Depois desse fato, permaneceu Ela ainda 25 anos na terra, para educar e formar, por assim dizer, a Igreja nascente, como outrora ela educara, protegera, e dirigira a infância do Filho de Deus. Ela terminou sua “carreira mortal” na idade de 72 anos, conforme a opinião mais comum.

A morte de Nossa Senhor foi suave, chamada de “dormição”. Quis Nosso Senhor dar esta suprema consolação à sua Mãe Santíssima e aos seus apóstolos e discípulos que assistiram a “dormição” de Nossa Senhora, entre os quais se sobressai S. Dionísio Aeropagita, discípulo de S. Paulo e primeiro Bispo de Paris, o qual nos conservou a narração desse fato.

Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria.

S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida, como a chamavam, vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens e que logo se multiplicaram os milagres em redor da relíquia sagrada de seu corpo.

Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que a Providência divina parecia ter afastado, para melhor manifestar a glória de Nossa Senhora, como dele já se servira para manifestar o fato da ressurreição de Nosso Senhor.

S. Tomé pediu para ver o corpo de Nossa Senhora. Quando retiraram a pedra, o corpo já não mais se encontrava. Do túmulo se exalava um perfume de suavidade celestial!

Como o seu Filho e pela virtude de seu Filho, a Virgem Santa ressuscitara ao terceiro dia. Os anjos retiraram o seu corpo imaculado e o transportaram ao céu, onde ele goza de uma glória inefável.

Nada é mais autêntico do que estas antigas tradições da Igreja sobre o mistério da Assunção da Mãe de Deus, encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja, dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451.

Como Nossa Senhora era isenta do pecado original, ela estava imune à sentença de morte (conseqüência da expulsão do paraíso terrestre). Todavia, por não ter acesso à “árvore da vida” (que ficava no paraíso terrestre), Maria Santíssima teria que passar por uma “morte suave” ou uma “dormição”.

Por um privilégio especial de Deus, acredita-se que Nossa Senhora não precisaria morrer se assim o desejasse, ainda que não tivesse acesso à “árvore da vida”.

Tudo isso, é claro, ainda poderá ser melhor explicado com o tempo, quando a Igreja for explicitando certos mistérios relativos à Santíssima Virgem Maria que até hoje permanecem.

Muito pouco ainda descobrimos sobre a grandeza de Nossa Senhora, como bem disse S. Luiz Maria G. de Montfort em seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.

É certo que Nossa Senhora escolheu passar pela morte, mesmo não tendo necessidade.

Quais foram, então, as razões da escolha da morte por Nossa Senhora?

Pode-se levantar várias hipóteses. O Pe. Júlio Maria (da década de 40) assinala quatro:

1) Para refutar, de antemão, a heresia dos que mais tarde pretenderiam que Maria Santíssima não tivesse sido uma simples criatura como nós, mas pertencesse à natureza angélica.
2) Para em tudo se assemelhar ao seu divino Filho.
3) Para não perder os merecimentos de aceitação resignada da morte.
4) Para nos servir de modelo e ensinar a bem morrer.


Podemos, pois, resumir esta doutrina dizendo que Deus criou o homem mortal. Deus deu a Maria Santíssima não o direito (por não ter acesso à “Árvore da vida”), mas o privilégio, de ser imortal. Ela preferiu ser semelhante ao seu Filho, escolhendo voluntariamente a morte, e não a padecendo como castigo do pecado original que nunca tivera.


Analisemos, agora, a Ressurreição de Maria Santíssima.

Os Apóstolos, ao abrirem o túmulo da Mãe de Deus para satisfazer a piedade de São Tomé e ao desejo deles todos, não encontrando mais ali o corpo de Nossa Senhora, deduziram e perceberam que Ela havia ressuscitado!

Não era preciso ver à ressurreição para crer no fato, era uma dedução lógica decorrente das circunstâncias celestiais de sua morte, de sua santidade, da dignidade de Mãe de Deus, da sua Imaculada Conceição, da sua união com o Redentor, tudo isso constituía uma prova irrefutável da Assunção de Nossa Senhora.

A Assunção difere da ascensão de Nosso Senhor no fato de que, no segundo caso, Nosso Senhor subiu por seu próprio poder, enquanto sua Mãe foi assunta ao Céu pelo poder de Deus.

Ora, há vários argumentos racionais em favor da Assunção de Nossa Senhora. Primeiramente, havendo entrado de modo sobrenatural nesta vida, seria normal que saísse de forma sobrenatural, esse é um princípio de harmonia nos atos de Deus. Se Deus a quis privilegiar com a Imaculada Conceição, tanto mais normal seria completar o ato na morte gloriosa.

Depois, a morte, como diz o ditado latino: “Talis vita, finis ita”, é um eco da vida. Se Deus guardou vários santos da podridão do túmulo, tornando os seus corpos incorruptos, muito mais deveria ter feito pelo corpo que o guardou durante nove meses, pela pele que o revestiu em sua natureza humana, etc.

Nosso Senhor tomou a humanidade do corpo de sua Mãe. Sua carne era a carne de sua Mãe, seu sangue era o sangue de sua Mãe, etc. Como permitir que sua carne, presente na carne de sua santíssima Mãe, fosse corrompida pelos vermes e tragada pela terra? Ele que nasceu das entranhas amorosíssimas de Maria Santíssima permitiria que essas mesmas entranhas sofressem a podridão do túmulo e o esquecimento da morte? Seria tentar contra o amor filial mais perfeito que a terra já conheceu. Seria romper com o quarto mandamento da Lei de Deus, que estabelece “Honrar Pai e Mãe”.

Qual filho, podendo, não preservaria sua Mãe da morte?

A dignidade de Filho de Deus feito homem exigia que não deixasse no túmulo Aquela de quem recebera o seu Corpo sagrado. Nosso Senhor Jesus Cristo, por assim dizer, preservando o corpo de Maria Santíssima, preservava a sua própria carne.

Ainda podemos levantar o argumento da relação imediata da paixão do Filho de Deus e da compaixão da Mãe de Deus, promulgada, de modo enérgico, no Evangelho, pela profecia de S. Simeão falando à própria Mãe: “Eis que este menino está posto para a ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada transpassará a tua alma” (Luc. 2, 34, 45).

Esta tradução em vernáculo (português, no caso) é larga. O texto latino (em latim) tem uma variante que parece ir além do texto em português. “Et tuam ipsius animam pertransibit glaudius” - o que quer dizer literalmente: o mesmo gládio transpassará a alma dele e a vossa.

Como seria possível que o Filho, tendo sido unido à sua Mãe em toda a sua vida, na sua infância e na sua dor, não se unisse à Ela na sua glória?

Tudo isso se levanta dos Evangelhos.

A Assunção de Maria Santíssima foi sempre ensinada em todas as escolas de teologia e não há voz discordante entre os Doutores. A Assunção é como uma conseqüência da encarnação do Verbo.

Se a Virgem Imaculada recebeu outrora o Salvador Jesus Cristo, é justo que o Salvador, por sua vez, a receba. Não tendo Nosso Senhor desdenhado descer ao seu seio puríssimo, deve elevá-la agora, para partilhar com Ela a sua glória.

Cristo recebeu sua vida terrena das mãos de Maria Santíssima. Natural é que Ela receba a Vida Eterna das mãos de seu divino Filho.

Além de conservar a harmonia em sua própria obra, Deus devia continuar favorecendo a Virgem Imaculada, como Ele o fez, desde a predestinação até a hora de sua morte.

Ora, podendo preservar da corrupção do túmulo a sua santa Mãe, tendo poder para fazê-la ressuscitar e para levá-la ao céu em corpo e alma, Deus devia fazê-lo, pois Ele devia coroar na glória aquela que já coroara na terra... Dessa forma, a Santíssima Mãe de Deus continuava a ser, na glória eterna, o que já fora na terra: “a mãe de Deus e a mãe dos homens”.

Tal se nos mostra Maria na glória celestial, como cantava o Rei de sua Mãe, assim canta Deus de Nossa Senhora: “Sentada à direita de seu Filho querido” (3 Reis, 2, 19), “revestida do sol” (Apoc. 12, 1), cercada de glória “como a glória do Filho único de Deus” (Jo. 1, 14), pois é a mesma glória que envolve o Filho e a Mãe! Ele nos aparece tão belo! E ela como se nos apresenta suave e terna em seu sorriso de Mãe, estendendo-nos os braços, num convite amoroso, para que vamos a Ela e possamos um dia partilhar de sua bem-aventurança!

Fonte: Site Lepanto

Na Virgem Maria se reflete a bondade de Deus, lembra o Papa

Em seu discurso de agradecimento à televisão bávara (Alemanha) por um documentário produzido por esta sobre peregrinações marianas, o Papa Bento XVI destacou que através da fé, pode-se ver a Maria mesma, "a Mãe de Deus em quem se reflete a bondade de Deus".


Conforme informa Rádio Vaticano, em sua saudação aos responsáveis pela Bayerischer Rundfunk, o Santo Padre comentou como no documentário se vá a tantas pessoas: jovens e anciões, homens e mulheres; de todas as gerações, que estão "em caminho para a Maria". E disse que a confiança na Mãe do Senhor conserva e conduz a todos pelo caminho da fé.


"Queridos amigos este não foi simplesmente um filme, senão uma peregrinação. A Rádio Bávara nos fez partícipes de uma peregrinação Mariana: Eram jovens, anciões, pessoas simples e gente culta, todos em caminho para a Virgem".


"E em sua peregrinação escutamos também sua fé, na fé resplandece sua devoção à Virgem e resplandece a bondade de Deus. Por isso lhe damos as graças e esperamos que este documentário possa inspirar a muitos em sua peregrinação para a Virgem, para que os guie pelo caminho da fé. Obrigado, na véspera da Assunção de Maria. Este é um dom especial! Feliz festividade para todos! Obrigado", concluiu o Papa.


De outro lado, o Santo Padre enviou também uma Bênção Apostólica aos participantes do XVI Festival Mariano Internacional, que se realiza no Paray-le-Monial, França, desde hoje (14) até 18 de agosto.

Em sua mensagem, assinado pelo Secretário de estado, Cardeal Tarcísio Bertone, o Pontífice alentou aos participantes a ter "o valor de seguir as pegadas da Virgem Maria".


"A Virgem Maria através de Sua peregrinação de fé e caridade sobre a terra, revela em Sua pessoa o verdadeiro rosto da Igreja, esposa e serva do Senhor".


Seguidamente, o Papa convida a olhar à Mãe de Deus, porque ela foi "a primeira em receber a coroa da glória eterna e em ser elevada ao céu, em corpo e alma, pela potência de Deus".


O Papa lembra também como o Mistério da Festa da Assunção, que se celebra nos dias nos que se desenvolve o Festival, revela que "a vida daquela que não teve outro desejo que cumprir a vontade do Senhor, conduziu-a à vida verdadeira ao lado do Filho".

Fonte: ACI Digital

Sta. Clara de Assis

Santa Clara nasceu em Assis, na Itália, filha de pais ricos e piedosos. O nome de Clara foi-lhe dado em virtude de uma voz misteriosa que a mãe Hortulana ouviu, quando, antes de dar à luz a filha, fazia fervorosas orações diante de um crucifixo. “Nada temas! – disse aquela voz – o fruto de teu ventre será um grande lume, que iluminará o mundo todo”. Desde pequena, Clara era em tudo bem diferente das companheiras. Quando meninas dessa idade costumam achar agrado nos brinquedos e bem cedo revelam também qualidades pouco apreciáveis, Clara fazia exceção à regra. O seu prazer era rezar, fazer caridade e penitência. Aborrecia a vaidade e as exibições e tinha aversão declarada aos divertimentos profanos.

Vivia naquele tempo o grande Patriarca de Assis. São Francisco. A este se dirigiu Santa Clara, comunicando-lhe o grande desejo que tinha de abandonar o mundo, fazer o voto de castidade e levar uma vida da mais perfeita pobreza. São Francisco reconheceu em Clara uma eleita de Deus e animou-a a persistir nas piedosas aspirações. Depois de ter examinado e sujeitado a duras provas o espírito da jovem, aconselhou-lhe abandonar a casa paterna e tomar o hábito de religiosa. Foi num Domingo de Ramos, que Clara executou este plano, dirigindo-se à Igreja de Porciúncula, onde São Francisco lhe cortou os cabelos e lhe deu o hábito de penitência. Clara contava apenas 18 anos, quando disse adeus ao mundo e entrou para o convento das Beneditinas de Assis.

O procedimento estranho de clara, provocou os mais veementes protestos dos pais e parentes, que tudo tentaram, para tirar a jovem do convento. Clara opôs-lhes firme resistência. Indo à Igreja, segurou-se ao altar e com a outra mão, mostrou aos pais a cabeleira cortada e disse-lhes: “Deveis saber que não quero outro esposo, senão a Jesus Cristo. A este escolhi e não mais o deixarei”. Clara tinha uma irmã mais moça, de quatorze anos, de nome Inês. Esta, não suportando a separação e animada por Clara, poucos dias depois, abandonou também a casa e entrou para o convento onde Claro estava. Com este gesto não se conformaram os parentes. Ao convento, foram no intuito de obrigar a jovem a voltar trazê-la à viva força para casa, fosse qual fosse a resistência que encontrariam.

A resistência realmente foi, tão resoluta da parte de Inês, que tiveram de desistir das suas tentativas. Também a ela São Francisco deu o hábito religioso. Apenas provisória podia ser a estada das duas irmãs no convento das Beneditinas. Francisco havia de dar, pois, providências para colocá-la em outra parte.

Adquiriu a igreja de São Damião e uma casa contígua para as novas religiosas, às quais, logo se associaram a outras companheiras. Sob a direção de Clara, formaram estas a primeira comunidade que, desenvolvendo-se cada vez mais, tomou a forma de nova Ordem religiosa. Esta Ordem, de origem tão humilde, tornou-se celebérrima na Igreja Católica, a que deu muitas santas e muito trabalhou e trabalha pelo engrandecimento do reino de Cristo sobre a terra. Obedecendo à Ordem de São Francisco, Clara aceitou o cargo de superiora, e exerceu-o durante quarenta e dois anos. Deu à Ordem regras severas sobre a observância da pobreza. Uma oferta de bens imóveis, feita pelo Papa, Clara respeitosamente a recusou. Não só na observação da pobreza, como também na prática de outras virtudes, Clara era modelo exemplaríssimo para as suas filhas espirituais. Grande lhe foi a satisfação, quando da própria mãe e de outras parentas recebeu o pedido de admissão na Ordem. Além destas, entraram três fidalgas da casa Ubaldini na nova Ordem das Clarissas. Julgaram maior honra associar-se à pobreza de Clara do que viver no meio dos prazeres dum mundo enganador.


Na prática da penitência e mortificação, Clara era de tanto rigor, que seu exemplo podia servir mais de admiração do que de imitação. O próprio São Francisco aconselhou-lhe que usasse de moderação, porque do modo de que vivia e martirizava o corpo, era de recear que não pudesse ter longa vida.


Severíssima para consigo, era inexcedível na caridade para com o próximo. Seu maior prazer era servir aos enfermos. Uma das virtudes que se lhe observava, era o grande amor ao Santíssimo Sacramento. Horas inteiras do dia e da noite, passava nos degraus do altar. O SS. Sacramento era seu refúgio, em todos os perigos e dificuldades.


Aconteceu que a cidade de Assis fosse assediada pelos sarracenos que, a serviço do Imperador Frederico II, inquietavam a Itália. Os guerreiros tinham já galgado o muro, justamente onde estava o convento das clarissas. A superiora, enferma, guardava o leito. Tendo notícia da invasão dos bárbaros no convento, Clara levantou-se e, ajudada pelas filhas, dirigiu-se ao altar do SS. Sacramento, tomou nas mãos a Sagrada Hóstia e assim, munida de Nosso Senhor, dirigiu-lhe o seguinte apelo em voz alta: “Quereis, Senhor, entregar aos infiéis estas vossas servas indefesas que nutris com Vosso amor? Vinde em socorro de vossas servas, pois não as posso proteger.” Ditas estas palavras, ouviu-se distintamente uma voz dizer: “Serei vossa proteção hoje e sempre”. Os fatos provaram que não se tratava de coisa imaginária. Dos sarracenos apoderou-se um pânico inexplicável; grande parte deles fugiu às pressas; alguns, que já haviam galgado o cimo do muro, caíram para trás. Foi visivelmente a devoção de Santa Clara ao SS. Sacramento, que salvara o convento e a cidade, do assalto do inimigo. Outros muitos milagres fez Deus por intermédio de sua serva, que a estreiteza de espaço não nos permite narrar.


Clara contava sessenta anos, dos quais passara 28 anos sofrendo grandes enfermidades. Por maiores que lhe fossem as dores, nenhuma queixa lhe saía da boca. Na meditação da sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor achava o maior alívio. “Como passa bem depressa a noite, dizia, ocupando-me com a Paixão de Nosso Senhor”. Em outra ocasião, disse: “Homem haverá que se queixe, vendo a Jesus derramar todo o seu sangue na Cruz? Sentindo a proximidade da morte, recebeu os Santos Sacramentos e teve a satisfação de receber a visita do Papa Inocêncio IV, que lhe concedeu uma indulgência plenária. Quase agonizante, disse ainda estas palavras:” Nada temas, minha alma; tens boa companhia na tua passagem para a eternidade. Vai em paz, porque Aquele que te criou, te santificou, te guardou como a mãe ao filho, e te amou com grande ternura. Vós, porém, meu Senhor e meu Criador, sede louvado e bendito”. Esta visão lhe apareceram muitas virgens, entre as quais uma de extraordinária beleza, que lhe vieram ao encontro para leva-la ao céu. Santa Clara morreu em 12 de agosto de 1253, mais em conseqüência do amor divino, do que da doença que a martirizava. Foi em atenção aos grandes e numerosos milagres que se lhe observaram no túmulo, que o Papa Alexandre IX, dois anos depois, a canonizou.

Arautos recebem ao Cardeal Claudio Hummes

Os Arautos do Evangelho receberam no último dia 4 de agosto, o prefeito para a Congregação do Clero, Cardeal Dom Cláudio Hummes, no seu centro de formação “Monte Thabor”, localizado na Serra da Cantareira, na grande São Paulo. Esta foi a segunda visita que o Cardeal fez e desta vez, conheceu a igreja Nossa Senhora do Rosário, que na sua última visita, ainda estava em construção.

No final da tarde, o cardeal presidiu a santa missa e no final da celebração, recebeu de presente, um báculo, símbolo do pastor.

Em entrevista a TV Arautos, Dom Cláudio falou sobre os seus 50 anos de sacerdócio, seu trabalho na prefeitura da Congregação para o Clero e sobre a labor que os Arautos do Evangelho está desenvolvendo. “Quando fui ordenado sacerdote, as coisas eram muito diferentes, e claro que mudaram para melhor. Hoje estando a frente da Congregação para o Clero, tenho contato com padres de diferentes partes do mundo através dos bispos que fazem a visita 'ad limina' e nos procuram para falar sobre o trabalho que estão realizando. Realmente para mim é uma excelente oportunidade de conhecer um pouco mais a realidade da Igreja nas mais diversas nações.
E os Arautos do Evangelho estão de parabéns pelo excelente trabalho que estão realizando no campo da evangelização e, agora com padres próprios. espero que outras vocações surjam rapidamente para esta linda obra”,
comentou.

Padre João Clá Dias, presidente e fundador dos Arautos, disse durante a missa, que Dom Cláudio é como um pai já que a obra nasceu na época em que era arcebispo de São Paulo. “Para nós é muito importante a presença de Dom Cláudio entre nós porque nós nascemos durante a época em que era arcebispo de São Paulo e ele nos acolheu muito bem. É para nós uma honra e uma alegria muito grande contar com sua presença justamente na data em que comemora seus 50 anos de padre”, comentou Padre João.

Assista ao vídeo na TV Arautos

V Congresso internacional dos Cooperadores dos Arautos do Evangelho

Nos dias 25 a 27 de julho, realizou-se o V Congresso internacional dos Cooperadores dos Arautos do Evangelho, que contou com a participação delegações vindas de 23 países.



A abertura do Congresso deu-se com a Solene Coroação da Imagem do Imaculado Coração de Maria. Logo após houve a Concelebração Eucarística presidida pelo Pe. João Clá, que contou com a participação do Decano de Direito Canônico da Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino (Angelicum), Pe. Bruno Esposito, O.P.

Os 800 participantes também tiveram a oportunidade de aprofundarem a temática dos novíssimos do homen (morte, juízo, céu, inferno). As palestras e teatros mostraram como é benéfico se acercarem de tão importante tema. Além disso, essas meditações ensinaram uma fundamental baliza de conduta: “Em todas as tuas obras, lembra-te dos teus novíssimos, e não pecarás eternamente” (Eclo. 7, 40).



Pe. João Clá Dias recebe título Honoris Causa

O Título de Doutor Honoris Causa é atribuido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou, pela atuação em prol das artes, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. Num reconhecimento pelo trabalho que o Pe. João S. Clá Dias realiza através da arte, das letras e da cultura em geral, o Centro Universitário Ítalo Brasileiro conferiu-lhe no último dia 25 de julho, o título de Doutor Honoris Causa.

A entrega da honraria aconteceu durante a Santa Missa que marcou a abertura do V Congresso de Cooperadores dos Arautos do Evangelho, na Igreja Nossa Senhora do Rosário.

Segundo o Reitor da Uniitalo, Marcos Antonio Gagliardi Cascino, a instituição decidiu prestar esta homenagem ao Pe. João Clá que, por meio da cultura, busca a evangelização.

Ainda segundo o Reitor, este é o primeiro título Honoris Causa atribuído a uma personalidade nascida no Brasil entre os três que já foram outorgados pela Uniítalo. “A outorga deste título é estarmos próximos aos Arautos e participarmos efetivamente deste movimento de evangelização, de uma forma ou de outra através da Uniítalo”.

Os Arautos evangelizam também através da arte, com encenações teatrais e música. Este é um trabalho que tem como finalidade promover a santificação pessoal utilizando a música e a cultura em geral como meio de evangelização.

Por estes motivos, o título de Doutor Honoris Causa foi atribuído ao Padre João Clá Dias, segundo a Uniitalo, pela excelência em termos de cultura, ciência e fé.

“Poder contar no campo no campo da cultura com o título de Doutor Honoris Causa de uma instituição de tal peso, traz muita importância para o nosso apostolado e um apostolado também no campo da cultura. Querer afirmar como fazem alguns que há uma distinção, que há uma separação, que há uma incongruência as vezes entre a fé e a razão, entre religião e cultura, é uma insensatez monumental porque a cultura sai das mãos de Deus, a razão sai das mãos de Deus, a fé sai das mãos de Deus, a religião sai das mãos de Deus. Não é possível que em Deus exista esta contradição: o que Ele faz com uma das mãos seja contrário ao que Ele faz com a outra. Essas duas mãos de Deus, fé e razão, cultura, ciência e religião, estão inteiramente unidas”, disse Padre João.

Fonte: TV Arautos

Basílica de Santa Maria Maior

Ao frade Bartolomeu de Trento, que viveu na metade do século XIII, devemos a versão sobre a origem da basílica de Santa Maria Maior. Segundo a tradição, no ano 352, vivia em Roma, o representante do imperador que tinha se transferido para Constantinopla, um certo João, fidalgo riquíssimo que não sabia como gastar toda sua fortuna. Não tinha filhos e queria construir obras pias para a Igreja, mas não sabia quais escolher.

Na noite de 5 de agosto, lhe apareceu em sonho a Virgem Maria, que lhe ordenou construir uma igreja no lugar onde estivesse com neve pela manhã. O rico senhor acordou e se pôs a pensar que a neve em Roma era uma coisa estranha, pois agosto era a estação de verão. Porém o mais interessante foi que a Virgem, na mesma noite apareceu ao papa Libério e lhe disse que, logo ao raiar do dia, subisse a colina do monte Esquilino, que encontraria o local cheio de neve e lá deveria erguer uma igreja. Pela manhã aquele fato inédito, foi constatado e enquanto a notícia se espalhava por toda Roma, o papa e João, caminhando por estradas diferentes, seguidos por uma multidão se encontraram: lá em cima do monte Esquilino comprovaram que havia neve. Com um bastão o papa traçou a área para erguer a igreja que o patrício construiu apenas com o seu dinheiro. Nascia a basílica de Santa Maria da Neve. Alguns pesquisadores dizem que João procurou o papa Libério para lhe contar seu sonho e que teve uma surpresa ao saber que também o pontífice havia tido a mesma visão. Depois, juntos com a população foram ao alto ao monte Esquilino, e demarcaram sobre a neve o terreno onde a igreja foi construída. Desta maneira, notou-se que as tradições se mesclaram por obra da alma popular que sempre uniu poesia à história.

Aquelas colinas do monte Esquilino, durante a Antiguidade, tinham sido um lugar de despejo de lixo, cheio de imundices; posteriormente se tornou o lugar onde os escravos eram sepultados. Na época do Império, ao contrário, as colinas eram ocupadas por imensas vilas de nobres. Entretanto continuava sendo um lugar de estranhas lembranças e que a comunidade evitava freqüentar. Com a construção da igreja da Santa Maria da Neve, o local reconquistou a visitação popular.

Tanto é verdade que cerca de um século depois, para celebrar os resultados do Concílio de Efeso, que proclamou a "maternidade divina da Virgem Maria", o Papa Xisto III em 440, mandou construir uma igreja. Mas queria que fosse grande, muito grande, daí o nome "Maior", e escolheu o mesmo local onde fora construída a igreja indicada pela Virgem em sonho ao papa Libério. No dia 5 de agosto de 431, a nova igreja, que substituiu a anterior, foi consagrada, com o nome de basílica de "Santa Maria Maior".

Nela foi realizado o primeiro presépio que se tem notícia na Igreja, por isto também ficou conhecida como basílica de "Santa Maria do Presépio". Na basílica se encontram os primeiros e mais ricos mosaicos alusivos a Nossa Senhora e é, de fato, um dos maiores e mais belo santuário mariano de toda a cristandade. A festa litúrgica da "Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior" que acontece em 5 de agosto entrou no calendário romano em 1568.

Fonte: Site CatolicaNet

São João Maria Vianney - O Santo Cura d´Ars

04 de agosto
João Maria Vianney nasceu em 8 de maio de 1786 em Dardilly, aldeia a dez quilômetros ao norte de Lyon. Foi o quarto filho do casal Mateus e Maria Vianney, que tiveram 7 filhos.

Desde os quatro anos, ele gostava de freqüentar a Igreja. Quando isso se tornou impossível, pelas perseguições que o Estado desencadeou, ele fazia suas orações habituais, todas as tardes, na casa dos pais.

Quando foi aberta uma escola, Vianney, adolescente a freqüentou durante dois invernos, porque ele trabalhava no campo sempre que o tempo permitia. Foi então que aprendeu a ler, escrever, contar e falar francês, pois em sua casa se falava um dialeto regional.

Foi na escola que se tornou amigo do padre Fournier, e aos poucos foi crescendo nele o desejo de se tornar sacerdote. Foi necessário muita insistência, pois o pai, de forma alguma, desejava dispensar braços fortes de que a terra necessitava.

Aos 20 anos ele seguiu para Écully, na casa de seu tio Humberto. Sabia ler, mas escrevia e falava francês muito mal. Além de aprimorar a língua pátria, precisou aprender latim, pois na época os estudos para o sacerdócio eram feitos em latim, bem assim toda a celebração litúrgica.

Em 28 de maio de 1811, com 25 anos de idade, na catedral Saint-Jean tornou-se clérigo de diocese. Por ter fama de ignorante perante os superiores, foi-lhe confiada a paróquia de Ars-en-Dombes, ou talvez porque lhe conhecessem a grandeza de alma. Em Ars, não havia pobres, só miseráveis.

João Maria Vianney chegou a Ars em uma sexta-feira, 13 de fevereiro de 1818. Veio em uma carroça trazendo alguns móveis e utensílios domésticos, alguns quadros piedosos e seu maior tesouro: sua biblioteca de cerca de trezentos volumes.

Conta-se que encontrou um pequeno pastor a quem pediu que lhe indicasse o caminho. A conversa foi difícil, pois o menino não falava francês e o dialeto de Ars diferia do de Écully. Mas acabaram por se compreenderem.

A tradição narra que o novo pároco teria dito ao garoto: “Tu me mostraste o caminho de Ars: eu te mostrarei o caminho do céu.” Um pequeno monumento de bronze à entrada da aldeia lembra esse encontro.

Ele mesmo preparava suas refeições. Apenas dois pratos: umas vezes, batatas, que punha para secar ao ar livre. Outras vezes, “mata-fomes”, grandes bolos de farinha de trigo escura. Um pouco de pão e água. Era o suficiente. Comia pouco. Quando lhe davam pão branco, trocava pelo escuro e distribuía o primeiro aos pobres.

Dizia: “Tenho um bom físico. Depois de comer não importa o quê e de dormir duas horas, estou pronto para recomeçar.”

O que mais ele valorizava era a caridade e a gentileza. Grandes somas ele dispendia auxiliando os seus paroquianos. Dinheiro que vinha da pequena herança de seu pai, que lhe enviara seu irmão Francisco e de doações de pessoas abastadas, a quem ele sensibilizava pela palavra e dedicação.

Por volta de 1830, era muito grande o afluxo de pessoas que se dirigia a Ars. Os peregrinos não tinham outro objetivo senão ver o pároco e, acima de tudo, poder confessar-se com ele. Para conseguir, esperavam horas…às vezes, a noite inteira.

Esse pároco que dormia o mínimo para atender a todos, madrugada a dentro. Que vivia em extrema pobreza e austeridade, vendendo móveis, roupas e calçados seus para dar a outrem.

Comovia-se com a dor alheia. Quando se punha a ouvir os penitentes que o buscavam, mais de uma vez derramava lágrimas como se estivesse chorando por si próprio. Dizia: “Eu choro o que vocês não choram.”



“Não é o pecador que vem a Deus para lhe pedir perdão, mas é o próprio Deus que corre atrás do pecador e que o fez retornar.”
(São João Maria Vianney)


Tanto trabalho, pouca alimentação e repouso, foram cansando o velho Cura. Ele desejava deixar a paróquia para um pouco de descanso. Mas os homens e mulheres da aldeia fizeram tal coro ao seu redor, que ele resolveu permanecer.


Ele, que em sua juventude, fora ágil, agora andava arrastando os pés. Nos dias de inverno, sentia muito frio. Em 1859, numa quinta feira do mês de agosto, dia 4, às duas da madrugada, ele morreu tranqüilamente. Dois dias antes, já bastante debilitado fora visto a chorar. Perguntaram-lhe se estava muito cansado. “Oh, não”, respondeu. “Choro pensando na grande bondade de Nosso Senhor em vir visitar-nos nos últimos momentos.”


Por ocasião do centenário da sua morte, em 1959, o Papa João XXIII promulgou a Carta Encíclica Sacerdotii Nostri Primordia realçando a suas virtudes e relembrando o seu exemplo principalmente para os sacerdotes da Igreja Católica.

Dele disse João XXIII: “Por último, resta-nos evocar na vida de s. João Maria Vianney este aspecto do ministério pastoral, que para ele, durante muitos anos de sua vida, foi como um longo martírio e fica para sempre ligado à sua memória: a administração do sacramento da penitência, que dele recebeu singular brilho e produziu os mais abundantes e salutares frutos. “Em média, cada dia, passava quinze horas no confessionário. Este labor cotidiano começava de madrugada e só acabava à noite”. E quando caiu esgotado, cinco dias antes de morrer, os últimos penitentes aglomeravam-se à cabeceira do moribundo. Calculou-se que no final da vida, o número anual dos peregrinos atingisse oitenta mil.” (op. cit.)

“Dificilmente se podem imaginar as contrariedades e os sofrimentos físicos destas intermináveis horas no confessionário, para um homem já esgotado pelos jejuns, macerações, enfermidades, e falta de sono… Mas, acima de tudo, ele sentia-se como moralmente esmagado pela dor. Escutai a sua lamentação: “Ofende-se tanto a Deus, que quase nos sentimos tentados a pedir o fim do mundo! É preciso vir a Ars para se saber o que é o pecado e a sua multidão quase infinita… Não se sabe o que se deve fazer: só se pode chorar e rezar”. O santo esquecia-se de acrescentar que tomava também sobre si uma parte da expiação: “Pela minha parte - contava ele a quem lhe pedia conselho - dou-lhes uma penitência pequena e o resto faço-a eu por eles.” (op. cit.)

Fonte: Joulin, Marc. João Maria Vianney, o Cura d’Ars. PAULINAS, 1990

Santo Afonso Maria de Ligório

Santo Afonso Maria de Ligório nasceu em Marianella, no Reino de Nápoles, no dia 27 de Setembro de 1696. De rara inteligência, recebeu em 1712 o doutorado em direito civil e canônico, formando-se um dos advogados mais célebres e requisitados de Nápoles. Não lhe faltaram temperamento e dons artísticos: poeta, músico, arquiteto, pintor... A experiência do mundo, uma causa inesperadamente perdida nos tribunais, a corrupção aí existente, mudam radicalmente a sua vida.
Ordenado sacerdote, em 1726, desenvolve seu ministério entre os "lazzaroni" da cidade de Nápoles, massa excluída e marginalizada pela sociedade e Igreja. Para eles cria as célebres “Capelas Vespertinas” ("Cappelle Serotine").
Em 1732 reúne um grupo para evangelizar os mais abandonados. Nasce assim a Congregação do Santíssimo Redentor.
Nomeado bispo, após fecundo ministério, renuncia, por motivos de idade e saúde.
Morre aos 91 anos, no dia 1° de agosto de 1787, em Pagani.
Foi canonizado em 1831 pelo Papa Gregório XVI e declarado Doutor da Igreja (1871) e Padroeiro dos Moralistas e Confessores (1950).


A Família Ligório
Os Ligório residem em Nápoles. Dom José, capitão das Galeras Reais, muito religioso e temperamental. A mãe, dona Ana Cavalieri, destaca-se pela doçura. Os pais sonham um futuro para os filhos. Aqui, se sonha muito alto.
Nápoles é uma cidade do sul da Itália. No tempo dos Ligório, é uma colcha de retalhos, marcada por um colorido e uma diversidade muito grandes.
Os Ligório têm oito filhos. O mais velho, Afonso, ficou na história, aliás, bastante movimentada. Porque é o herdeiro, é cercado de todos os cuidados. Investe-se muito nele: estuda em casa, tendo os melhores professores. Seus talentos serão cultivados.
Devoto do Santíssimo Sacramento e da Santíssima Virgem Maria. Participa também do oratório de São Filipe Néri.
Aos 16 anos, doutor em direito civil e eclesiástico. Aos 18, começa a advogar. Serão oito anos sem perder uma causa sequer! Tudo vai bem, do jeito que pensa e sonha Dom José.
Os tribunais, que são a vida de Afonso e dos Ligório, estão indo otimamente. Surgiu, por´em,um processo entre duques, envolvendo grande soma em dinheiro. Devido à corrupção da Corte Judicial, Afonso perde a causa. Sonho acabado!
Afonso refugia-se em seu quarto. Por três dias reflete sobre o desastre, sem comer, sem se comover com as preocupações da mãe. Ao terceiro dia, os Ligório vêem um novo Afonso.
- "Mundo, agora te conheci! Adeus, tribunais! Não me vereis jamais!".
No Hospital dos Incuráveis, Deus o convoca para nova missão. Decidido, vai até a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e ali deixa sua espada de cavaleiro.
Ao pai Afonso responde: "Os tribunais são uma página virada em minha vida". Afonso decide ser padre! O pai tenta tudo para demovê-lo da idéia. Em 21 de dezembro de 1726 Afonso é ordenado padre. Não será apenas mais um entre os dez mil que vivem em Nápoles. Será um padre que se destaca. Afonso tem 30 anos de idade.


A serviço dos pobres
Desde jovem Afonso dedica um carinho especial aos pobres. Participa de diversas confrarias, cuja finalidade era dar assistência aos necessitados. Ajuda, por exemplo:
- Os condenados à morte: Afonso inscreve-se na numa associação de voluntários que conforta na fé os condenados à morte, acompanha-os até o local da execução e faz os funerais.
- Os doentes incuráveis: Afonso pertenceu à Confraria dos Doutores, visitava e cuidava dos doentes do hospital conhecido como hospital dos incuráveis.
- Os "lazzaroni": Cerca de trinta mil, vivendo ao perambulando pelas ruas e dependendo da caridade alheia. Será seu grupo preferido em Nápoles. Para eles cria chamadas “capelas vespertinas”, uma das grandes iniciativas pastorais de seu século.
- Os pagãos: Afonso inscreve-se no Colégio dos Chineses que preparava missionários para a China. Sempre teve grande desejo de ir às missões estrangeiras.


No descanso descobre um ideal
Afonso, depois de muitos trabalhos apostólicos, fica doente. O médico recomenda descanso. Parte então para Amalfi, com alguns amigos. - Por que não ir para Santa Maria dos Montes, logo acima de Scala? Estamos em 1730. Santa Maria dos Montes é lugar de pastores de cabras. Gente rude, pobre, fora da sociedade e da Igreja. Aproximam-se do grupo e começa a evangelizá-los. O descanso vira missão!
Visita o bispo de Scala, que o convida para pregar na catedral. A uns 200 metros, religiosas de um mosteiro suplicam que reparta com elas o Pão da Palavra.
É preciso voltar para Nápoles. O descanso acabou. Afonso, porém, volta diferente. Lá nas montanhas estão os cabreiros a esperar... Deixou ali seu coração e uma preocupação o persegue: quem irá evangelizar esse povo? Vendo sua necessidade, rezava, pedindo a Deus que suscitasse alguém para servi-los.

Um novo chamado
Em Scala, uma freira chamada Maria Celeste Crostarrosa tem uma missão: Afonso deveria juntar um grupo de missionários para a pregação.
Afonso assusta-se. - Seria verdade ou ilusão? Inicia-se um longo processo de discernimento. Seu diretor espiritual aconselha não dar muito crédito e continuar sua vida de missionário. E ele parte em missões com alguns companheiros.
Voltando a Nápoles, seu diretor espiritual anuncia-lhe: a obra é de Deus! Consulta outros homens sábios e prudentes É preciso partir! "Fazendo a Jesus Cristo um sacrifício de Nápoles, ele se oferece para viver o resto de sua vida nas estrebarias, nas choças, na cabanas e morrer cercado pelos pastores”.
Sofre a resistência dos pais, a zombaria de muitos. Nápoles não queria perdê-lo. Era precioso demais para a evangelização dos pobres. – E Nápoles não tem pobres?!
Afonso venceu a tentação e deixou Nápoles. Os cabreiros de Scala sorriam.
Adeus, Nápoles
Dois de novembro de 1732. Afonso deixa tudo para seguir o chamado-provocação de Deus.
Com mais dois companheiros, montando um burrico, deixa a cidade, os amigos, a fama e o sucesso garantido. Troca de grupo, abraçando o grupo dos cabreiros de Scala. "O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me ungiu e me enviou para proclamar a Boa Nova aos Pobres". . .
Enfim, Scala. Começa o tempo bonito de consolidar uma opção. Reuniões, orações sobre o novo projeto, a missão que agora se inicia. A fundação oficial do novo grupo de evangelizadores dos pobres será no dia 9 de novembro de 1732.
Serão os congregados do Santíssimo Salvador. Adotam um escudo: sobre três montes, a cruz; esponja e lança, sinais da paixão. Os monogramas de Jesus e Maria. E a senha de identificação: "Copiosa Apud Eum Redemptio" "Junto Dele a Redenção é abundante".

Evangelizando os pobres
Um novo grupo de evangelizadores dos abandonados? - Para quê? Nápoles já tinha tantas congregações. Afonso também fizera para si mesmo todas essas perguntas. Mas havia os que ninguém abraçava, porque eram pobres, grosseiros, que só entendiam de cabras. Gente que não dava retorno algum. Só incômodo, despesas e sacrifício. Por isso, viviam abandonados. E o grupo dos congregados do Santíssimo Redentor era para eles.
Uma característica do grupo: não morar fora e longe dos abandonados. As residências do grupo não serão em Nápoles, mas o mais próximo possível dos pobres. Assim o grupo poderá girar mais facilmente entre eles e eles poderão participar mais da vida dos missionários. Irão às suas Igrejas, reunir-se-ão em suas casas para os exercícios espirituais... Não apenas pregam missões: a comunidade, a casa, tudo é missão e missão contínua. Assim os redentoristas, como serão chamados mais tarde, continuam Jesus Redentor que armou sua tenda no meio de nós.

Sinal de contradição
Afonso foi sinal de contradição. Em primeiro lugar, para a Igreja da época, que deixava no abandono os pobres dos campos.
Diante de uma mentalidade rigorista, que punha a lei e o pecado em primeiro lugar, Afonso apresenta o amor e a misericórdia. Deus nos ama: eis o anúncio predileto de toda a vida de Afonso.
Faz da pastoral, e principalmente da moral, a moral do amor de Deus que se transforma em misericórdia. Afonso convida a uma resposta de amor: diante do amor tão grande de Deus, nós somos levados a amá-lo também.
O amor misericordioso de Deus revela-se de modo especial no sacramento da Reconciliação. Esse sacramento será marcante em sua vida. É o homem da escuta aberta, amiga, amorosa. O homem da reconciliação.
Ele dizia que o confessor deve ser "rico de amor e suave como o mel". Em 1950, o Papa Pio XII o declarava padroeiro dos confessores e dos moralistas. Até hoje os redentoristas têm na Igreja essa missão: anunciar que em primeiro lugar vem o amor e a misericórdia.

Grande escritor
Afonso foi um hábil escritor. Deixou mais de cem obras para ajudar o povo cristão. Em sua época havia uma mentalidade rigorista e muitos pregavam uma religião elitista, sem lugar para o sentimento e a devoção popular. Afonso vai contra a corrente e quer mostrar o rosto verdadeiro de Deus. Por isso escreve e coloca seus livros nas mãos do povo.
Para os sacerdotes escreveu sua Teologia Moral, inaugurando um novo método de fazer moral: a moral do amor e da misericórdia.
Mostrou ao povo a beleza de Maria, em seu livro "Glórias de Maria". Deixou-nos o livro “Prática de Amar a Jesus Cristo", as “Visitas ao Santíssimo Sacramento”.
Célebre sua frase: "Quem reza se salva, quem não reza se condena!"
Escreveu sobre os mistérios de Cristo, sobre sua encarnação, paixão-morte.
Escreveu para as religiosas, para os leigos…
Afonso colocou todos os seus dons a serviço da evangelização dos empobrecidos.
Revela-nos uma vida totalmente consagrada a uma missão. Formou a consciência religiosa de sua época. É considerado o melhor prosador religioso do século XVIII na Itália.

Bispo renovador
Em 1762, com 66 anos, Afonso é nomeado bispo. De novo era preciso partir, desta vez para outra insignificante cidadezinha, Santa Ágata dei Goti. De nada valera apelar para a saúde abalada: "Dom Ligório de sua cama governa melhor a diocese que muitos bispos jovens e com saúde".
Em Santa Ágata dei Goti, por treze anos mostrou zelo invejável. Renovou o seminário; organizou Missões Gerais para a diocese; aprofundou a formação do clero. Envolveu todo o povo na solidariedade e no cuidado dos pobres.
Em 1775, deixa a diocese e retorna para sua congregação. Continuou na sua vida fecunda de oração, orientação e publicações.
Em 1 de agosto de 1787, com noventa e um anos, falece, rodeado de seus co-irmãos, redentores dos empobrecidos. Eram doze horas.
Afonso partia, mas deixava consolidada a grande obra de Deus, a Congregação do Santíssimo Redentor, que na época contava com cento e oitenta e três religiosos.

Fonte: Wikipedia