Testemunho de Fé - Ingrid Betancourt

A 2 de junho, junto ao avião que a trouxe da selva, Ingrid Betancourt rezava de joelhos um Pai-Nosso e uma Ave Maria, em companhia de outros reféns libertados.
Nas mãos trazia o rosário que fizera com botões, em lugar das costumeiras contas. Esse mesmo rosário a acompanhou à França e ficou em suas mãos durante o encontro com o presidente francês Nicholas Sarkozy.

Libertada de seu cativeiro com as FARC, a política colombiana acorreu ao Santuário de Lourdes, na França, e à Basílica de Sacré-Coeur, em Paris, para “dar graças a Deus”.

Nessa ocasião concedeu uma entrevista exclusiva, em profundidade, ao semanário católico francês, Pélerin, em que falou de sua fé, de seu encontro com a Bíblia, com Jesus e com Maria.

No site do semanário, na web (www.pelerin.info), foi publicada parte da entrevista, como segue abaixo.

Ingrid Betancourt (primeira fila, a segunda à esquerda),
sua mãe (primeira fila, a primeira á esquerda),
Yolanda Pulecio e onze militares colombianos rezam na chegada ao aeroporto militar.

Ingrid Betancourt: “Minha fé me salvou”

A ex-refém mais famosa do mundo dirigiu-se à Basílica de Sacré-Coeur de Montmartre no domingo, 6 de julho, para agradecer a Jesus e á Virgem Maria sua libertação. Depois de rezar, Ingrid Betancourt concedeu uma entrevista a Pélerin para dizer como sua fé se manifestou nos momentos mais dolorosos de seu cativeiro.

Era domingo, seis de julho, á noite, por ocasião da missa das 22 horas celebrada na Basílica de Sacré-Coeur, que domina Paris, do alto de Montmartre. Ingrid tinha se proposto fazer esta peregrinação com seus familiares: os filhos Mélanie e Lorenzo, a mãe Yolanda, a irmã Astrid e alguns outros, porque queria cumprir a promessa feita durante o cativeiro: agradecer antes de tudo a Jesus e à Virgem Maria por lhe terem concedido a libertação.

Foi na capela situada atrás do coro da basílica que ela e sua família fizeram suas preces. Apesar do adiantado da hora e do cansaço, Ingrid aceitou dar declarações aos leitores de Pélerin, durante mais de meia-hora. Ela falou da fé que a sustentou na provação, de seu amor por Jesus e por Maria, suas leituras da Bíblia e do Evangelho, que lhe deram a força para não ceder ao ódio contra seus captores.

Seu primeiro gesto como mulher livre foi o sinal da cruz, suas primeiras palavras foram para agradecer a Deus e à Virgem Maria.

Por que sentiu essa necessidade?
Enquanto estava no cativeiro, tomei a resolução de que, assim que fosse libertada, agradeceria em primeiro lugar ao Senhor. Por quê? Porque se não tivesse o Senhor a meu lado, não penso que conseguisse crescer na dor. Ser refém o coloca numa situação de constante humilhação. Você é vítima de completa arbitrariedade, conhece o que há de mais vil na alma humana. Diante disso, há dois caminhos: ou deixar-se enfeiar, tornar-se amargo, agressivo, vingativo, com o coração repleto de rancor; ou escolher o outro caminho, aquele que Jesus nos mostrou. Ele nos pede: “Abençoe teu inimigo”. Cada vez que eu lia a Bíblia, eu sentia que essas palavras se endereçavam a mim, como se Ele estivesse a minha frente, sabendo o que devia me dizer. E aquilo ia direto ao meu coração!

Claro que reconheço que quando o inimigo é atroz, é difícil ser-se fiel a estas palavras. Contudo, desde que comecei a fazer o exercício de pronunciar “Abençoe teu inimigo”, embora tivesse desejo de dizer o contrário, foi mágico, havia como que uma espécie de... de alívio. E o horror simplesmente desaparecia. Coisas como essa eu poderia contar por dias e dias. Eu sei, eu sinto que houve uma transformação em mim e esta transformação eu a devo a esse contato, a esta capacidade de escutar aquilo que Deus queria para mim. Foi um diálogo constante com Deus, através do Evangelho!

Esta fé que a carregou durante todos esses anos estava lá desde os primeiros dias? Houve algum acontecimento especial? Um pensamento particular a fez voltar-se para Deus?
Eu vou lhe contar uma história em dois tempos, que quase me faria rir, tão perfeitamente me recordo desses episódios. No início de meu cativeiro, disse a mim mesma: “Bem, vou passar meses e meses aqui, então vou ler a Bíblia”, que eu não conhecia. Abrindo-a, caí nas epístolas de São Paulo. Eu o cito de memória, é mais ou menos assim: “Podes pedir o que quiseres, que de todo o modo o Espírito Santo pedirá melhor, porque Ele sabe melhor aquilo que necessitas”. Quando li isso, gritei: “Meu Deus, está bem, mas o que eu quero eu sei, é ficar livre!” Seis anos depois, relendo essa mesma epístola, eu enfim compreendi: “Felizmente, o Espírito Santo estava lá para rezar por mim, porque sou incapaz de pedir o que é preciso”.

E essa fé nunca a deixou? Não sentiu momentos de abandono, de solidão?
No primeiro ano, é verdade, fiquei lutando contra Deus. Eu me queixava terrivelmente a Ele da morte de meu pai. Eu Lhe dizia: “Por que me fizeste isso, se sabes que Te adoro? Por que me castigas?" Só depois compreendi que devia agradecer a Ele por ter levado meu pai, porque ele nunca poderia suportar esses seis anos de horror. Portanto sim, posso dizer que minha fé foi constantemente aumentando. É curioso, mas é como se coisas acontecessem para que eu compreendesse outras; Preciso lhes contar minha descoberta de Maria. Papai tinha uma grande devoção pela Virgem, mas devo confessar que na época, ela não me dizia nada. Digamos que não era uma imagem de mulher que me inspirasse.

Depois, durante o cativeiro, eu reli os Evangelhos e fui tomada de admiração por ela. Sem dúvida, para compreender a Virgem, é necessário ter vivido mais, ter adquirido uma certa maturidade. E eu comecei a achar verdadeiramente sensacional esta jovem que aceitou ter um filho, embora tivesse um plano de vida totalmente diferente. E ela correu todos os riscos. Para muitos cristãos, essas são coisas bem conhecidas, mas para mim, foi uma descoberta. Descobri uma Maria forte, uma Maria inteligente, uma Maria que tinha senso de humor.


Vou confessar: como dizem os canadenses, caí de amores por Maria lendo o Evangelho de São João, quando ele conta as bodas de Caná. Acho extraordinário o diálogo entre Maria e Jesus. Esta cumplicidade entre eles é genial. Apesar de todas as razões que Jesus expõe à sua mãe, ele já sabe que ele vai fazer o que ela quer, que ele transformará a água em vinho por amor a ela. Lendo essa passagem, não pude deixar de pensar em minha relação com meu filho Lorenzo.

Você se propôs a vir, esta noite, à Basílica de Sacré-Coeur? Qual o sentido dessa peregrinação?
Durante quase sete anos, fiz muitas promessas à Virgem e vou lhe contar uma coisa de especial importância para mim. Em 1º de junho, escutando a Rádio Católica Mundial, aprendi que o mês de junho é aquele em que se celebra o Sagrado Coração de Jesus. Ora, na última vez que estive com meu pai, na véspera de minha captura, estávamos no quarto dele, sentados junto a uma imagem do Sagrado Coração. Pegando minha mão e olhando para a imagem, papai pediu: “Sagrado Coração, toma conta de meu coração, de minha filha”. Assim, quando escutei falar sobre o Sagrado Coração de Jesus no rádio, imediatamente prestei atenção.

Naquele momento, eu ainda não conhecia a história de Santa Margarida-Maria, de fato, acabei de aprender o nome dela. Mas compreendi que se como ela, alguém se consagrasse ao Sagrado Coração de Jesus, receberia muitas graças. Lembro-me de uma graça em particular, aquela de Jesus prometendo tocar os corações duros que nos fazem sofrer. Então, fiz esta oração: “Meu Jesus, eu vou Te pedir algo bem concreto. Não sei o que significa exatamente, consagrar-se ao Teu Sagrado Coração. Mas se Tu me anunciares, no decorrer do mês de junho, que é o Teu mês, a data da minha libertação, eu serei toda Tua”.

E no dia 27 de junho, um comandante da guerrilha entra no acampamento e nos ordena preparar nossa coisas, porque talvez um dentre nós fosse ser libertado. Quando ele disse isso, pensei: “Aí está. Chegou a hora”. Minha libertação aconteceu de forma muito diferente, mas o fato é que Jesus teve palavra: eu vi um milagre.

Fonte: Pélerin.info
Tradução:
A FAMÍLIA CATÓLICA, sem conhecimento do autor

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa Senhora da Conceição devolveu meu filho



Em Agosto de 1980, após duas cirurgias de apendicite aguda, e sérias complicações em seu quadro clinico, meu filho foi desenganado pelos médicos; fiquei desesperada, deixei meu filho entre a vida e a morte no hospital e saí andando sem saber para onde ia, segui pelas ruas de Campina Grande - PB, totalmente desnorteada, se alguém me visse naquela ocasião, me confundiria com uma louca, e era assim mesmo que eu me sentia naquele dia, As lagrimas que embasavam meus olhos cansados de tanto chorar, quase impediam que eu visse o que se passava ao meu redor, nem sei como conseguir atravessar ruas com tanto trânsito de veículos! E assim, movida apenas pelo medo de perder meu filho, de repente, me achei nos degraus onde está a estátua de Minha Querida Nossa Senhora da Conceição, ao lado da Catedral, e ali, aos pés da mãe de Jesus, ajoelhei-me e clamei.
– Minha mãe! Devolve meu filho pra mim!
Isso foi tudo o que eu disse embora meu coração aflito dissesse muito mais, e Ela, A Mãe de Jesus, não só ouviu minha voz, mas principalmente o meu coração.
Quando voltei para o hospital meu filho estava sendo removido para outro hospital e foi salvo, graças a Nossa Senhora da Conceição.
Obrigada minha mãe da Conceição e aos que foram movidos pelo teu poder: Maria Nazareth minha filha, Dra. Isolda Bezerra e Dr. Paulo Pinto.



Maria da Costa Farias Oliveira